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Economia da felicidade: como mudam os gastos depois dos 60

Com o passar dos anos, as prioridades financeiras se transformam. Após os 60, o consumo passa a refletir mais propósito, bem-estar e qualidade de vida do que status ou acúmulo

A relação entre dinheiro e felicidade é uma das mais discutidas dentro da economia comportamental. Não apenas por envolver escolhas práticas, mas porque diz muito sobre como cada fase da vida influencia nossa percepção de valor, satisfação e realização. Ao observar o comportamento de consumo das pessoas ao longo do tempo, fica evidente que a forma como lidamos com o dinheiro muda de maneira significativa com a idade. E é justamente depois dos 60 anos que essas mudanças ganham contornos mais claros e, muitas vezes, mais conscientes.

 

 

Durante as fases iniciais da vida adulta, a motivação financeira está, em grande parte, voltada para a construção: construir uma carreira, formar uma família, adquirir bens, poupar para o futuro. É uma etapa marcada por conquistas materiais e por uma pressão social que muitas vezes associa sucesso ao acúmulo. Carros, imóveis, tecnologia e roupas de marca podem ser símbolos de status e, de certa forma, de pertencimento.

No entanto, ao entrar na maturidade, muitas pessoas passam a questionar essas prioridades. Depois dos 60, quando os filhos já estão criados ou independentes e a carreira deixa de ocupar o centro da vida, o dinheiro ganha um novo significado. Ele deixa de ser apenas uma ferramenta de conquista e passa a ser um instrumento de liberdade, conforto e, principalmente, de bem-estar.

Essa mudança de perspectiva está alinhada ao conceito de economia da felicidade, uma abordagem que propõe olhar para o dinheiro não apenas como um recurso para gastar ou acumular, mas como um meio de promover experiências positivas, fortalecer vínculos e proporcionar qualidade de vida. Em outras palavras, não se trata apenas de quanto se gasta, mas de como se gasta.

Na prática, isso significa que os gastos após os 60 tendem a se concentrar em áreas mais conectadas ao prazer de viver bem. Viagens com pessoas queridas, alimentação mais saudável, atividades físicas, cursos que alimentam o intelecto, programas culturais e momentos de lazer passam a ter prioridade no orçamento. Além disso, os cuidados com a saúde, tanto física quanto mental, se tornam investimentos mais frequentes e necessários, refletindo a importância de manter a autonomia e a vitalidade por mais tempo.

Também é comum que, com o passar dos anos, haja uma maior aversão ao consumo impulsivo. O que antes parecia essencial pode deixar de fazer sentido, e o foco passa a ser aquilo que realmente agrega valor à rotina. A ideia de ter menos, mas ter melhor, ganha força. E com ela, surge uma relação mais tranquila com o dinheiro, baseada em escolhas conscientes e sustentáveis.

Outro aspecto importante é o papel da maturidade na gestão financeira. Muitos adultos mais velhos relatam que, nessa fase da vida, sentem-se mais preparados para tomar decisões equilibradas, livres de pressões externas e com uma clareza maior sobre o que desejam viver. Há mais autonomia para dizer “não” ao que não faz sentido e mais sabedoria para planejar o que ainda está por vir. Isso também inclui o desejo de organizar o próprio legado, seja para apoiar filhos e netos, seja para deixar as finanças em ordem para o futuro.

É claro que essas possibilidades não estão acessíveis de forma igual para todas as pessoas. Questões como aposentadoria, renda, acesso à saúde e estabilidade financeira influenciam diretamente a liberdade de escolha. No entanto, mesmo diante de realidades distintas, o que se observa é uma tendência generalizada de mudança nas motivações de consumo. O que antes era comprado para satisfazer expectativas externas passa a ser consumido para nutrir desejos internos.

A economia da felicidade, portanto, convida a uma reflexão profunda sobre como usamos o dinheiro em cada etapa da vida. E depois dos 60, essa reflexão ganha ainda mais valor. Porque não se trata apenas de viver mais, mas de viver melhor. E, nesse cenário, entender o que realmente nos faz bem pode ser o investimento mais importante de todos.

Planejar essa fase da vida com consciência e leveza é uma forma de cuidar de si e de quem está por perto. E reconhecer que o padrão de gastos pode — e deve!, mudar é o primeiro passo para uma longevidade mais satisfatória, mais simples e mais feliz.

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