Resgate antecipado da previdência privada — por que não fazer?
Fazer o resgate antecipado da previdência privada foi uma escolha de muitos brasileiros diante da crise causada pela pandemia de Covid-19. Entretanto, essa pode não ter sido a melhor decisão. Entenda melhor no artigo.
Fazer o resgate antecipado da previdência privada pode ser uma ideia que passe pela sua cabeça em momentos de crise.
Durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, quando os índices de desemprego atingiram altos patamares e o mercado financeiro enfrentou grandes oscilações, essa foi uma alternativa muito comum entre os investidores.
Segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), os pedidos de resgate antecipados aumentaram consideravelmente em 2020 (ano de início da pandemia), chegando a R$ 82 bilhões. Esse valor representa 16% a mais do que em 2019 e é o maior número desde 2012.
Diante de toda a insegurança causada por esse momento de instabilidade, vale realmente a pena fazer o resgate da previdência privada antes do tempo ou é melhor esperar a crise passar?
Quando é recomendável fazer o resgate?
A previdência privada é um investimento de médio a longo prazo. Por isso, geralmente é opção de pessoas que querem viver de renda passiva no futuro ou que têm grandes objetivos de vida, como comprar uma casa, abrir um negócio ou mandar os filhos para um intercâmbio.
Por conta disso, o tempo de resgate desse investimento costuma ser de anos à frente do início dos primeiros aportes. Isso não impede, contudo, o resgate antecipado da previdência privada — afinal, o dinheiro é do investidor.
A única atenção aqui é sobre o período de carência do fundo — tempo que o investidor deve esperar para fazer o resgate ou outras movimentações —, que é estabelecido no contrato. Geralmente, esse prazo é de, no mínimo, 60 dias.
Portanto, ao sacar o dinheiro aplicado, há uma quebra de contrato — o que pode gerar algumas cobranças —, bem como resultar em uma queda considerável dos lucros estimados.
Por que não fazer o resgate da previdência antes do tempo?
O resgate antecipado da previdência privada — e até mesmo transferências de um fundo que apresenta maior risco para outro com aparentemente menos risco — pode significar perda real do seu patrimônio, principalmente por três motivos:
- tributação mais alta;
- queda na rentabilidade;
- cobrança de taxas.
1. Tributação mais alta
Tanto no PGBL quanto no VGBL o investidor tem a possibilidade de escolher entre duas formas de tributação do Imposto de Renda (IR): as tabelas regressiva ou progressiva.
Quem opta pela regressiva, é beneficiado pelo tempo que deixa o dinheiro aplicado. Ou seja, quanto mais tempo tiver o investimento, menor será a taxa paga sobre ele.
Por exemplo, se o resgate for feito em 2 anos, incide uma alíquota de 35% sobre o dinheiro. Em 10 anos ou mais, essa porcentagem cai para 10%. Por esse motivo, o resgate antes do prazo não é uma boa ideia nessa situação.
No caso da tabela progressiva, as taxas do IR são cobradas de acordo com o valor retirado. Quanto mais alta for a quantia, maior será a tributação. Sendo assim, se você optar por retirar todo o dinheiro, pode ser que pague mais tributos do que se retirasse o valor mensalmente.
2. Queda de rentabilidade
Os rendimentos da previdência privada são gerados a partir da aplicação de juros compostos. Isso significa que eles multiplicam a partir do tempo investido. Desse modo, quanto maior for o período de aplicação, maior será a sua rentabilidade.
Um saque antecipado vai diminuir as suas chances de um ganho real.
Em alguns casos, os impostos pagos somados às taxas cobradas pelo resgate antecipado podem ser equivalentes a todo o rendimento da aplicação até o momento do saque, resultando em lucro zero.
3. Cobrança de taxas
É comum que, durante o contrato de uma previdência privada, seja estabelecida uma taxa de saída. Normalmente, esse encargo varia de maneira regressiva de acordo com o tempo de investimento e os valores aplicados.
Dessa forma, quanto a maior a antecedência no saque em relação ao prazo final, mais alta será a cobrança.
Além do resgate antecipado da previdência privada, diante de uma crise, os investidores também podem sentir vontade de tomar ações menos drásticas, mas com efeitos parecidos, como realocar o dinheiro em diferentes fundos.
Por que evitar movimentos bruscos na previdência privada?
Durante a pandemia de Covid-19, fundos de investimento com partes aplicadas em renda variável sentiram os impactos de maneira mais intensa. Isso aconteceu porque eles são formados, em boa parte, por títulos do mercado de ações de empresas listadas na Bolsa que se encontravam em baixas cotações.
Nesse cenário, pode ser que você tenha considerado a possibilidade de colocar todos os seus recursos em títulos de renda fixa. Entretanto, esse pode não ser um bom negócio.
As oscilações dos investimentos de renda fixa tendem a ter uma recuperação menor do que recursos aplicados em renda variável.
Se a renda variável sofreu — e sofre — os efeitos do coronavírus de maneira mais forte, sua recuperação, entretanto, tende a ser maior quando comparada à renda fixa. Alguns exemplos são vistos em outros episódios que provocaram impactos semelhantes no mercado financeiro.
Épocas de inconstância vêm e vão. Nessas horas, é fundamental ficar atento aos movimentos, buscar se informar, mas nunca colocar a emoção à frente de medidas que devem ser tomadas com racionalidade.
Perdas pontuais podem ser recuperadas a longo prazo. Esses são apenas períodos de oscilação. Ao resgatar seu dinheiro antecipadamente, você estará — como definido pelo jargão financeiro — “realizando a perda”.
Ter cautela e aguardar a turbulência passar é o melhor que você pode fazer para o seu patrimônio e sua recomposição futura. Lembre-se sempre que sua previdência é um produto de longo prazo, do qual os resultados são projetados lá na frente. O mercado é cíclico e tende a se recuperar.
Além disso, apesar de estarmos expostos a condições sobre as quais não temos controle, como foi a pandemia de Covid-19, um bom planejamento de previdência privada diminui esses riscos.
Por isso, se você pretende fazer esse investimento, faça antes um teste no simulador de previdência privada da BrasilPrev. Dessa forma, é possível prever qual é o melhor modelo para você, dentro de qual prazo e de quanto devem ser os aportes para as contribuições mensais.
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