Dissonância cognitiva: o que é e como se livrar?
A dissonância cognitiva quando aplicada nas finanças nos revela um grande mal: você pode perder bons investimentos por um desconforto emocional. Saiba mais.
Por Renata Taveiros, neuroeconomista
Você já ouviu falar em dissonância cognitiva? Esse é um viés cognitivo que faz com que a gente busque coerência nas nossas crenças e ideologias, mesmo que a realidade não nos sirva tanta coerência assim.
Ela acontece de forma bastante rotineira no nosso cotidiano, mas faz vítimas no mercado financeiro todos os dias. Por isso, você irá ver mais alguns exemplos e entender como se livrar de vez desse problema.
Quais exemplos de dissonância cognitiva?
Outro dia, eu queria dar um presente para o meu filho guitarrista e fui escolher uma camiseta. Encontrei uma preta, com estampa de rock clássico e o nome de uma banda, também de rock clássico.
Mas alguma coisa estava estranha, e eu não conseguia entender o que era. Algo não estava “batendo”. Olhei de novo. Nada… Meu cérebro continuava com aquela sensação de “falta de harmonia”, mas estava difícil identificar o que era. Seria a cor da estampa? O preço da camiseta?
Descobri! A peça, apesar de nova, parecia usada. “Será que eu estava no setor de brechó da loja e nem percebi?”, pensei. Na mesma hora, alguns adolescentes que estavam na loja pegaram a mesma camiseta e começaram a rir. Eu não aguentei. Tive que perguntar por que eles estavam rindo tanto. Foi quando um deles me respondeu que a piada só funcionava para quem conhecia bandas de rock.
Olha só: a estampa era de uma banda – Kiss –, mas o nome era de outra – Led Zeppelin. O que será que estava errado? O desenho ou o nome? Bem que eu vi que tinha algo estranho… E eu até conheço essas bandas!
É engraçado quando isso acontece: você sabe que tem alguma coisa fora do lugar, mas não consegue identificar o que é até que alguém te mostre. E mais: ficamos tentando encontrar evidências para que aquele estranhamento faça algum sentido, só para acabar com a sensação de desconforto.
Os psicólogos chamam de dissonância cognitiva esse “desconforto” que acontece na nossa mente quando não encontramos uma lógica no que estamos vendo.
A questão é que estamos acostumados a certos tipos de padrões e nosso cérebro se sente tranquilo e em harmonia com eles, pois são familiares para nós. Mas quando aparece um padrão desconhecido, no qual não encontramos sentido ou uma referência familiar, ficamos meio desorientados e isso gera um desconforto, a tal da dissonância.
O problema é que não gostamos muito de sentir esse mal-estar e logo vamos procurando explicações, mesmo que meio bobas, para dar um sentido qualquer àquela situação. E, na verdade, o que queremos com isso é aliviar a dor causada pela “falta de harmonia”, e não necessariamente encontrar a explicação verdadeira. Nesse momento, qualquer coisa serve.
Você já vivenciou isso? Consegue pensar em alguma situação estranha em que você logo encontrou uma explicação, mesmo que absurda? Tenho certeza que sim!
Como a dissonância cognitiva afeta os investimentos?
Quando falamos da dissonância cognitiva associada aos investimentos, podemos imaginar a seguinte situação: algo inesperado acontece no mercado financeiro e contraria nossas expectativas, ficamos com aquela sensação de não saber o que fazer. Isso porque, no nosso modelo mental, as coisas deveriam seguir uma direção, mas na realidade estão indo em outra. Por que será?
Em situações assim, geralmente não encontramos uma explicação rápida, afinal, não somos experts em finanças. E aí ficamos nos sentindo desconfortáveis. É a tal da dissonância cognitiva agindo.
Nesse momento, tudo o que queremos é nos livrar dessa dor de não saber o que está acontecendo. E mais: adequar esse novo cenário ao nosso modelo mental, nos esquecendo de que existe um mundo objetivo lá fora que não obedece às nossas expectativas.
Então, o que fazemos? Cedemos à impulsividade. Aceitamos rapidamente a primeira solução que afaste essa sensação de desconforto, mesmo que ela não seja a melhor alternativa. Isso porque a primeira sugestão que ouvirmos, que vai acalmar nossa “razão”, é a mais parecida com o modelo mental que estamos acostumados é fará todo o sentido. Aí, vamos tomar uma atitude baseados nessa pressão para acalmar o desconforto.
Mas e as análises técnicas? E os conselhos dos especialistas de mercado? E a visão de longo prazo e a estratégia de investimento para sua carteira? Pois é… Tudo isso vai por água abaixo.
Mas existe um jeito de não ser “dominado” por essas peças que nossa mente nos prega. E o primeiro passo para isso é buscar mais conhecimento sobre o assunto. Entender que não toleramos desconforto e que estamos dispostos a fazer qualquer negócio para nos livrar dele.
Como resolver uma dissonância cognitiva nas finanças?
De acordo com os teóricos da dissonância cognitiva, é comum que a gente procure coerência nos nossos pensamentos que já foram construídos antes de chegarmos até o momento do conflito.
Por isso, existem diferentes meios de reduzir esse problema:
- buscar conhecimento sobre o tema;
- reduzir a importância da crença que está provocando conflito;
- estar aberto a ouvir pessoas que podem te ajudar a mudar sua visão sobre a crença em questão.
Quando o assunto é finanças, um exemplo disso é contar com o time de profissionais da Brasilprev. Estar aberto a ouvir sobre a especialidade dos profissionais que irão te atender vai te ajudar a reduzir esses conflitos, aprender mais sobre o mercado financeiro e ainda garantir um bom investimento a longo prazo.
Por isso, entre em contato com a equipe Brasilprev e planeje a sua vida financeira a partir de agora!
*Renata Taveiros é economista graduada pela Universidade de São Paulo (USP) e especializada em Economia Comportamental aplicada a Marketing pela Yale University (EUA).
Gostou? Veja notícias similares
3 curiosidades sobre a rentabilidade da sua previdência privada
Na hora de pensar sobre o rendimento da previdência privada surgem diversos questionamentos. Para te ajudar reunimos, em um só artigo, as três principais dúvidas sobre o assunto. Saiba mais.
Como investir em carteira recomendada?
Está buscando como investir em carteira recomendada? Com essa opção, analistas do mercado financeiro indicam as melhores ações para incluir nos seus investimentos partindo do seu perfil e objetivos. Saiba como a Brasilprev pode te ajudar.
PGBL ou VGBL: Diferenças E Qual É A Melhor Opção?
PGBL ou VGBL? Antes de escolher seu plano de previdência privada, é fundamental entender as principais diferenças entre essas duas opções.