Falência do SVB: entenda causas e consequências
Alta de juros nos EUA e falta de diversificação na base de clientes foram as principais causas do colapso do banco

Na última semana um assunto movimentou os mercados financeiros de todo o mundo: a crise do Silicon Valley Bank (SVB), 16º maior banco dos Estados Unidos em número de ativos e a principal instituição financeira do Vale do Silício, berço das principais empresas de tecnologia do mundo.
O banco teve a sua falência decretada na última sexta-feira (10), após uma corrida de clientes para realizar saques. O caso gerou preocupação de governos e de investidores sobre os seus impactos na economia americana e mundial.
Para analistas, a quebra da instituição pode ser explicada por três fatores: alta de juros nos EUA, falta de diversificação nos investimentos e a uma base de clientes composta em sua maioria por empresas de um único setor.
O que aconteceu com o SVB?
O colapso do SVB está diretamente ligado com a alta da taxa de juros nos EUA, que afetou tanto os investimentos do banco quanto o comportamento da sua base de clientes, quase inteiramente composta por empresas de tecnologia.
O SVB possuía boa parte dos seus ativos investidos em títulos públicos e hipotecas de longo prazo. Estes investimentos, considerados seguros, estavam muito valorizados quando a taxa de juros dos EUA estava baixa. No entanto, com a alta dos juros nos últimos meses, estes títulos perderam valor.
Esta desvalorização não seria um problema caso o banco mantivesse os títulos até o vencimento, ocasião em que receberia de volta o que foi investido e os rendimentos definidos no momento da contratação.
No entanto, o SVB começou a sofrer com o excesso de saques de seus clientes, o que trouxe um problema de liquidez, obrigando-o a resgatar os títulos antes do previsto, em um momento em que eles estão desvalorizados, ou seja, resgatando um valor menor que o investido.
Base de clientes pouco diversificada
Outro fator importante na falência do SVB foi a crise de investimentos no mercado de startups. O banco tinha em sua base de clientes quase metade das startups norte-americanas. Na época em que os juros estavam baixos nos EUA, estas empresas receberam muito dinheiro de investidores.
Com a alta dos juros, as startups enfrentaram dois problemas: a fuga de investimentos e a crise de crédito, uma vez que empréstimos e financiamentos ficaram mais caros. Com isso, o banco viu aumentar o número de clientes resgatando seus investimentos.
Em meio a este movimento o SVB anunciou que precisaria levantar capital para cobrir as perdas, o que levou a uma crise de confiança, afastou investidores e motivou mais saques nos recursos. Estima-se que os saques superaram os US$ 42 bilhões, aproximadamente um quarto dos ativos do banco.
“A elevação de juros aumenta o custo de financiamento das empresas, pressionando a rentabilidade dos negócios. No ocorrido, o Silicon Valley tinha uma grande concentração de ativos em único setor cujo desempenho estava pressionado também por esses custos, o que, por sua vez, levou a uma percepção de que o valor do banco era menor” afirma Amanda de Lara”, economista da Brasilprev.
De fato, após esta percepção do mercado, as ações do banco caíram cerca de 60% na última quinta-feira (9), o que somado à crise de confiança e falta de liquidez em virtude dos saques, levou à falência do banco.

Ação rápida do governo dos EUA no caso SVB
O receio de que o caso SVB tomasse proporções maiores e o fantasma da crise de 2008, fez com que o governo dos EUA agisse rápido para evitar uma crise em seu sistema financeiro. A primeira medida foi transferir o controle do SVB para o FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation), equivalente americano do Fundo Garantidor de Crédito brasileiro, fundo que garante a proteção do dinheiro de clientes casos os bancos enfrentem problemas de liquidez.
O FDCI garante apenas US$ 250 mil por cliente. No entanto, cerca de 90% dos clientes possuíam saldo acima deste valor. Isso levou à segunda medida do governo. No domingo, o Federal Reserve, banco central dos EUA e o Departamento do Tesouro dos EUA comunicaram que garantiriam integralmente os depósitos, incluindo aqueles acima deste valor limite. O governo ainda propôs uma linha de crédito de emergência para socorrer bancos nestes casos.
“A agilidade das autoridades americanas foi certeira para evitar uma crise de liquidez, já que o sentimento de aversão ao risco poderia levar a saques em outras instituições. No entanto, esta ação tende a sinalizar para as instituições financeiras que elas serão ‘salvas’, o que pode levar a uma tomada de risco maior por parte delas”, analisa Amanda.
Quais as consequências da crise no SVB?
Os impactos tanto nos EUA quanto no mundo ainda não foram totalmente dimensionados pelos analistas. Mas, o primeiro efeito do caso SVB deve afastar ainda mais os investidores dos ativos considerados de risco, movimento que já vinha ocorrendo nos últimos meses em meio a um cenário de guerra na Ucrânia e juros altos em todo o mundo.
Outro efeito é mudança nas expectativas de alta de juros nos EUA. “Boa parte do mercado que apostava em alta de 0,5% para próxima reunião do Fed passou a considerar uma alta de 0,25% pelo ocorrido ser uma sinalização de possível desaceleração da atividade econômica, o que, em tese, contribui para a desaceleração da inflação”, explica Amanda.
Esta decisão, porém, depende ainda de outros fatores que não estão totalmente controlados. “Os dados do mercado de trabalho americano ainda estão pressionados, a e a desaceleração em curso da inflação ainda é incompatível com a meta de 2%. Então a redução do ritmo ou uma parada da alta de juros ainda depende de outras sinalizações”, finaliza a economista.
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