Naturalmente, o ser humano não gosta de lidar com a falta de certeza, nem com coisas que fogem do nosso roteiro. Por aqui, sempre batemos na tecla de ter um planejamento econômico estruturado para ter mais segurança. Mas e quando as coisas saem do nosso controle, como lidar com as incertezas financeiras?

O nosso primeiro reflexo diante de algo que ameace os nossos planos é parar e dar um passo para trás. O ser humano tem uma inconsciente aversão ao risco, o que automaticamente nos faz optar pelo que, aparentemente, nos expõe menos. 

Neste artigo, você vai entender como funciona a nossa cabeça em momentos de dúvidas e aprender o que fazer para melhorar a sua resposta a essas situações.  

O que é aversão ao risco?

Esse é um conceito das finanças comportamentais — área de estudo que relaciona economia e psicologia — criado a partir de um estudo realizado com alguns investidores e empreendedores. 

O termo “aversão ao risco” se refere ao comportamento relutante de uma pessoa em aceitar um negócio com alto retorno, porém incerto, em ordem de optar por um menos rentável, mas certeiro. 

Para entender melhor, vamos a uma situação hipotética: você procura dois advogados para te auxiliarem com uma questão de documentação.

O primeiro diz que seu caso é complicado, mas que ele está pensando em usar uma estratégia nova, que ainda não foi muito utilizada. O único problema é que ela oferece 90% de chance de fracasso, o que, além da perda do caso, pode exigir que você pague uma multa muito alta.

O segundo, por sua vez, diz que, apesar da complexidade do caso, ele vê uma possibilidade de resolvê-lo. Acontece que essa alternativa foi muito pouco utilizada e não garante vitória na causa. A estratégia vai te dar 10% de chance de ganhar, apesar dos altos custos envolvidos.

Qual dos dois conselhos você ouviria?

Provavelmente, como muita gente, você também estaria disposto a aceitar a estratégia sugerida pelo segundo advogado. Porém, ela é igual à que o primeiro ofereceu. 

Sim! Nas duas situações, a probabilidade de sucesso é de 10%. Mesmo assim, a tentação de aceitar a segunda opção é grande.

 Isso mostra que o nosso primeiro instinto nem sempre é o mais correto. Nosso pensamento  para decisões de investimentos segue várias heurísticas e vieses. Por isso, nem sempre vale a pena adiar os seus planos porque eles não estão indo exatamente para o caminho que você planejou. 

Então, como lidar com as incertezas financeiras da melhor forma possível? Existem duas chaves principais: previsibilidade e flexibilidade!

Como lidar com as incertezas financeiras?

Antes de qualquer coisa, vale entender a diferença entre riscos e incertezas.

• Riscos são aquelas situações que a gente consegue prever e, portanto, se preparar caso elas aconteçam. Entram nesse grupo as oscilações de ativos, variações de taxa de juros, entre outras coisas que podem ser mais pessoais também, como transição de carreira ou um período sem trabalho.
• As incertezas, por sua vez, são ocasiões que não conseguimos prever e, por isso, fica mais difícil de se preparar com antecedência. Um ótimo exemplo é a pandemia da Covid-19. Ninguém poderia imaginar isso, mas aconteceu, e aí?

Nesse último caso, a flexibilidade e o poder de adaptação são necessários.

A seguir, veja algumas dicas práticas de como lidar com as incertezas financeiras nesses dois cenários.

1. Tenha uma reserva de emergência 

Como o próprio nome já sugere, essa reserva financeira serve justamente para te dar sustento quando as coisas fogem do esperado. O recomendado é que ela seja equivalente, no mínimo, a três meses dos seus custos de vida totais — ou seja, tudo aquilo que você gasta para viver.

Além disso, ela precisa ter alta liquidez, podendo ser resgatada a qualquer momento e utilizada rapidamente. 

A função dessa verba é te acobertar caso você fique um tempo sem o seu faturamento fixo mensal ou precise arcar com altos custos de uma única vez. 

2. Faça um “orçamento de guerra”

Se você tem um planejamento financeiro pessoal, com certeza tem um orçamento mensal feito contendo os seus principais gastos fixos e variáveis, fundamentais e supérfluos, correto?

Ter essa noção é muito importante para que você consiga mapear quais são os custos que pode cortar caso fique mais apertado. O seu “orçamento de guerra” é, basicamente, aquele panorama mais enxuto que você poderia ter. 

Isso também será ótimo para lhe dar consciência do quão flexível pode ser o seu planejamento. 

3. Não fixe compromissos a longo prazo 

Às vezes isso é inevitável, mas, sempre que possível, evite fazer compromissos financeiros para o seu eu do futuro, especialmente no cartão de crédito. Isso porque, de fato, você não sabe como estará a sua condição daqui a meses ou anos. 

O ideal é que você invista o dinheiro e espere chegar na quantia ideal para realizar a compra.

4. Flexibilize seus planos

Nem sempre as coisas vão acontecer do exato jeito que a gente planejou, o que não precisa, necessariamente, significar uma coisa ruim ou o fim de um sonho. Isso pode ser apenas uma questão de adaptação. 

Se as condições iniciais do seu planejamento não são as mesmas, entenda o que pode ser feito para cumpri-lo dentro da situação atual. Por exemplo, se você quer ter uma casa própria, talvez não seja o momento de comprar aquela enorme em um bairro nobre. 

Mas, por outro lado, pode ser interessante adquirir um apartamento em uma região em ascensão, com potencial de valorização. 

5. Faça investimentos a longo prazo 

Por fim, mas não menos importante, invista o seu dinheiro a fim de que ele renda a longo prazo.

Em momentos de crise, será comum a tentação de fazer o resgate antecipado do dinheiro, mas isso não é recomendado. Como são aplicações de longo prazo, a tendência é que as próprias oscilações do mercado se encarreguem de fazer o balanceamento de perdas e ganhos.

Ou seja, se as coisas não parecem tão promissoras agora, isso não vai durar para sempre, e quando mudar, você verá a recuperação. 

Para fazer as melhores escolhas, você pode contar com os especialistas da Brasilprev, que vão te dar todas as informações essenciais para uma excelente escolha com base no seu momento de vida e objetivos.

Entenda, neste artigo, como funciona a carteira recomendada da Brasilprev.